sábado, 19 de setembro de 2009

Um caso de amor - Entrevista com o Músico Marcio Silva


Por Elza Albuquerque

“A música é a minha brincadeira preferida, apesar de ser uma das coisas que mais levo à sério na vida”. Até rimou. O músico Márcio Silva é assim. Apaixonado pelo o que faz, ele não se imagina fazendo outra coisa. Além do amor à arte, ele tem fé de que um dia a sua profissão deixe de ser marginalizada e tenha o reconhecimento merecido.
Segundo Márcio, foi a partir do som do cantor Lulu Santos que ele descobriu o seu próprio som e um universo de outros sons. O primeiro contato que ele teve com a música do artista foi quando ele ouviu o disco “Amor à Arte”, um dos seus preferidos até hoje. “Lembro que foi quando vi uma das fotos do encarte, onde ele segurava uma Fender Stratocaster, que eu tive o primeiro impulso de tocar guitarra”, disse Márcio.

WEBRADIOILHA: Qual é a melhor parte do show? Antes, durante ou depois?

MARCIO SILVA: O durante, por toda energia positiva que envolve os músicos e a platéia. É indescritível.

WRI: Quando a música deixou de ser um hobby?

MS: Em 1996, quando o que deveria ser uma rodinha de violão entre amigos em um barzinho na Zona Sul acabou virando um show: as mesas em volta cantavam alto, faziam pedidos. O bar fechou quase quatro horas além do horário normal de encerramento. No final da noite, a minha conta estava paga e o dono do bar ainda me deu uma graninha. Naquele dia eu percebi que era possível fazer da música a minha profissão.

WRI: Em quais lugares você costuma tocar? Costuma viajar a trabalho? Sempre morou na Ilha?

MS: Sempre morei na Ilha e me apresento bastante no bairro, mas também trabalho em bares, restaurantes e casas noturnas no Centro, Zona Sul e Barra. Como faço poucos shows fora do Rio, as viagens são raras, mas sempre que tenho oportunidade ponho o pé na estrada. Além do contato com outros públicos e artistas locais, a experiência e as histórias que adquirimos com essas viagens não têm preço.

WRI: Você prefere tocar violão e voz ou tocar com banda?

MS: Sempre gostei mais de tocar com banda. Quanto mais elementos o som tem, melhor ele é para mim. Há músicas que realmente só precisam da voz e do violão, mas eu sempre sinto falta de baixo, bateria, guitarras e até de xilofone, se couber na música.

WRI: Qual foi o maior dilema que você já enfrentou em relação a música?

MS: Como investir no meu trabalho autoral e conseguir pagar as contas ao mesmo tempo. Fazer um álbum independente ainda é muito difícil no Brasil, pois todo o processo de confecção de um álbum desde a gravação até chegar à divulgação do trabalho pronto exige um bom investimento financeiro.



WRI: Você consegue viver somente da sua arte?

MS: Apertando um pouco o cinto, mas sim. O meu incoming não dá para uma casa na Vieira Souto, mas paga as contas e até permite uma cerveja depois do expediente. Viver de música no Brasil é difícil, mas não é impossível. O músico tem que correr atrás de shows e contatos o tempo todo e divulgar bastante sua agenda e o seu trabalho, senão morre de fome.

WRI: A vida do músico costuma ser bastante complicada para manter um relacionamento. Você consegue cuidar do lado pessoal e do profissional

MS: Nem sempre é fácil por conta da correria da profissão, mas eu procuro organizar a agenda de forma que o pessoal e o profissional fiquem em equilíbrio. Trabalhar é importante, mas não pode consumir 100% do nosso tempo.

WRI: Fazer show em bar costuma incomodar alguns músicos, em algumas situações. O que você acha de tocar para um público que não está ali por sua causa?

MS: Claro que a apresentação é muito melhor quando o público responde à música, mas não me chateio quando isso não acontece. Se eu fosse contratado para ser guitarrista do Djavan, por exemplo, por mais emoção que eu colocasse em uma música, eu não seria o centro das atenções, a platéia está lá por conta do Djavan. E no bar, as pessoas vão para conversar, azarar, comer e beber... por acaso a música está lá. O músico de noite tem que segurar um pouco o ego e entender duas coisas: a primeira é que barzinho não é show, é música ambiente; a segunda é que nem toda platéia “fria” está alheia ao som. Muitas vezes eles estão curtindo e só não aplaudem porque ninguém aplaudiu antes.

WRI: Qual é o limite entre o seu gosto e o do público? Você já teve que tocar o que você não gosta ou nunca teve problemas com isso?

MS: Todo músico de noite uma hora esbarra em músicas que ele não gosta. Não dá para ser intransigente e tocar somente o que a gente curte, assim como não dá para se violentar tocando um repertório inteiro de coisas que se detesta. O músico tem que achar o meio-termo entre o que a platéia quer e o que ele gosta de tocar, mas é quase impossível desviar de todas as balas: mais hora, menos hora engole-se um sapo.

WRI: Agora falaremos sobre a valorização dos músicos. O que acha dos cachês que não são pagos pela tabela dos músicos? O que você acha da atuação da Ordem dos Músicos do Brasil (OMB)?

MS: Acho que a OMB deixa muito a desejar. As batidas da OMB verificam se os músicos que estão trabalhando são filiados à entidade, mas verificam as condições de trabalho e remuneração do músico?A grande maioria dos músicos brasileiros recebe cachês muito abaixo da tabela e a OMB aparentemente não enxerga isso.

WRI: Como foi a sua preparação para ser músico? O que atualmente você toca e faz musicalmente? Você canta há quanto tempo?

MS: Comecei em 1996, fazendo violão e voz e tocando guitarra em bandas cover de rock clássico. O início foi um pouco turbulento, por conta da pouca experiência na noite e a falta de um equipamento decente, os shows eram poucos e a grana curtíssima. Além disso, a minha família não viu com bons olhos a minha decisão de ser músico e os amigos pensaram que eu tinha ficado maluco de vez. Mas, conforme as propostas de trabalho foram pintando, eles começaram a digerir a idéia e a me incentivar. Atualmente, além de músico e compositor, também sou arranjador e produtor musical.

WRI: Na sua opinião, a Ilha tem um grande potencial em relação a música? O que falta para o panorama melhorar para incentivar mais os músicos dessa região?

MS: A Ilha é berço de artistas extremamente talentosos, mas os espaços são poucos e a maioria das casas não possui o equipamento de som necessário para as apresentações. Também falta incentivo da Prefeitura, que investe muito pouco no cenário musical insulano e ainda proíbe a música ao vivo nos quiosques da orla. Mas, na minha opinião, o que mais falta é consciência por parte do público, que mesmo curtindo o som e pedindo músicas, muitas vezes se nega a pagar o couvert artístico, que na Ilha é pelo menos 50% mais barato do que em qualquer bar da Zona Sul, por exemplo.

WRI: Você já teve algum problema com o ECAD?

MS: Não, nunca tive problemas com o ECAD. E espero nunca ter!

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Busca da harmonia perfeita: Músicos entre a arte e a estabilidade financeira

Por Odete Marques

A pergunta pode até soar banal, mas por trás do brilho das luzes do palco, ao fim do ecoar do último acorde, quando as cortinas se fecham e as palmas tomam conta do espaço, a dura realidade se inicia. E é nesta hora que muitos se perguntam: conseguirei viver só de música? Você conhecerá um pouco o mundo de dor e paixão desses profissionais.
As dificuldades que o músico enfrenta na sua profissão influenciam diretamente os planos de viver da sua escolha. O gaitista e designer Marcio Figueiredo se diz cansado da instabilidade que experimentou durante os 16 anos que viveu apenas da sua atividade musical. Além disso, esclareceu que a falta de espaço para tocar e as oportunidades escassas foram alguns dos fatores que fizeram com que ele desanimasse. “Encontrei dificuldades comuns quando se trata de música no Brasil, quanto a falta de compreensão dos contratantes da necessidade básica de um músico, ou qualquer trabalhador. O músico tem que sair de casa para se apresentar e voltar com segurança, dignidade e, ao menos, um pouco de dinheiro”, afirmou o gaitista.
Já Fátima Scalzo, cantora lírica e professora de técnica vocal, soube falar com mais otimismo sobre a cruel realidade. “Ainda existe muito preconceito em relação aos músicos neste país, sem contar na desvalorização da cultura de forma geral. Confesso que até procurei estabelecer-me em outra profissão antes de me decidir como cantora, pois sabia o quanto é duro tentar viver só de música. Porém, ser músico é uma missão. Por mais que você tente fugir, não pode se omitir do que lhe foi predestinado”, confirmou Fátima.
Mas Alisson Souza, guitarrista e professor de música, esclarece que uma das principais dificuldades de viver de música é o fato da maioria das pessoas e de até alguns músicos não entenderem a atividade como profissão. Segundo ele, é isso que desvaloriza o profissional sério que tem a música como única fonte de renda. “Se o cara não tiver perspicácia e força de vontade, pode se sentir tentado a sair da profissão, o que pra mim é um erro”, disse Alisson.

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terça-feira, 15 de setembro de 2009

Para quem sempre quis trabalhar com rádio

Por Marcio Figueiredo

Quem ainda não pensou em divulgar seu produto via internet?
A tecnologia se inova a cada dia e em curtos períodos nos deparamos com idéias novas apresentadas na rede mundial de computadores. Um serviço não muito novo mas que cresce continuamente é a rádio online, ou simplesmente web rádio. Nele pode-se criar conteúdo igualzinho a de uma rádio normal com custos muito mais baixos. Até mesmo as rádios de transmissões tradicionais se renderam a essa forma bem mais barata de oferecer seus programas, músicas e comerciais. Tudo o que for trasmitido tem alcance mundial, e somente por esse atributo, rendem-se cada vez mais adeptos, sendo eles ouvintes ou desenvolvedores. Tudo pode ser gravado previamente para depois ir ao ar.
Para realizar a transmissão através da internet é necessário enviar o audio gravado ou ao vivo para um servidor que o disponibilizará para rede. Esse processo é feito através de um codificador ou encoder, que pode ser escolhido por você. Um dos codificadores mais usados é o SimpleCast e muitos servidores já o oferecem no momento da contratação. A informação é gerada por Kbps (Kilobits por segundos) e quanto maior ele for, mais qualidade terá a rádio. O advento atrai muitos consumidores por ser um meio onde pode-se criar conteúdo próprio e disponibilizar a seu bel prazer. Para aqueles que sonhavam em ter um programa, divulgar os amigos, fazer um portfólio como locutor entre outros ofícios antes quase inalcansáveis pelos altos custos de uma rádio tradicional, agarram a idéia como uma oportunidade única e não largam mesmo depois de conseguirem seu espaço na mídia convencional. Isso porque, prevalecendo do bom senso, você é quem manda na sua rádio e ainda tem em mãos um veículo que pode incluir podcast e propagandas virtuais com banners animados. Para fazer tudo sozinho, tem que entender de programação de internet, gravação de audio digital, locução e direitos de transmissão. Nada é de graça, mas a diferença de preços entre os meios é considerável.